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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um Pouco Mais de Rock



 

Ao andar pelos corredores do canal de música MTV,conversei com o  EX -VJ Edgard Picolli. Nascido no interior paulista, Campinas, em 1965, casado Edgard contou um pouco da sua história, seus conceitos sobre música e a relação da MTV com o rock.
1) Como se deu o início da carreira?
R: Eu fiz um teste aqui e fui selecionado entre 20 pessoas que estavam fazendo o teste e isto foi no final de 92, e então fui aprovado neste teste. Eu fiquei sabendo do teste na verdade por intermédio do Fábio Massari, que trabalhava na Radio 89 FM, e ele me disse que estariam testando novos apresentadores. Fiquei amarradão na historia, e então fiquei “em cima” dele, até ele me dizer quando iria ser a data do teste, passaram-se uns 2 meses, então o teste rolou e eu acabei sendo aprovado, e estou aqui até hoje, desde o final de 92 até hoje.
2) Qual a relação da MTV com o Rock. Visto que vocês têm programas a respeito, qual o seu ponto de vista?
R: A relação com o rock, eu diria que é a relação que a MTV tem com a música. No caso específico como o rock, é uma relação de busca com o novo, que procura mostrar e descobrir, com frescor diferente que o mercado apresenta, então são bandas que acabam sendo descobertas pela gente mesmo, e que possivelmente vão a partir dali ter início de toda uma trajetória de sucesso no cenário do rock brasileiro. Já aconteceu vária vez. Pô, Raimundos, Skank, essas bandas surgiram a partir da MTV, e são bandas que fazem parte dessa era da MTV, e hoje em dia mais recentemente pô, Pitty... O Gram é um exemplo de banda que a MTV de alguma maneira descobriu, e o show, o trabalho que eles iam fazer. Hoje em dia os “caras” estão ai com o especial gravado, o MTV Apresenta, com várias entrevistas na capa. A relação com o rock é esta vontade, esta aptidão da MTV ir correr atrás do novo, para mostrar o novo para as pessoas. Isto com o Otto, com outros artistas também. Quando surgiu o Mangue Beat, o Chico Science e Geração Zumbi, com o Mundo Livre, a relação é esta mesma aptidão e mostrar o que é novo.
3) Já a questão dos vídeos clipes em relação a popularização do rock, você acha fundamental para difundi-lo?R: Hoje em dia, eu acho, eu considero que o video clipe é fundamental para divulgarem o trabalho. Antes desta mídia o trabalho era bem mais restrito, acabava se resumindo na boa divulgação do radio, com uma boa agenda de shows. Isto não mudou porque as bandas que fazem rock tem que estar na estrada mesmo, estarem se provando a todo instante, em apresentações ao vivo, e com a chegada da tv a “ferramenta” video clipe tornou-se um instrumento imprescindível para que essas bandas conseguissem chegar a um publico maior, e divulgar o trabalho para um publico mais amplo.
4) Como você a influencia do rock dentre os jovens?
R: Eu vejo na atitude, no modo, na roupa que eles usam, nas tendências, nas conversas entre eles. Com esta historia de msn, com trocas de informações no orkut, esta é a influencia do rock. Isto que na verdade sempre existiu, conta com esses outros aparatos tecnológicos, hoje as conversas de rock não ficam restritas aos backstages de apresentações de rock, os bares que tem apresentação de rock.Elas tem vários orkuts, msn, estão nos cadernos da molecada em forma de adesivo, estão nos walkmans, nos cds de bandas que a pouco tempo não tinham acesso a esse publico. Acho que tudo isto faz parte de uma facilidade que a mídia hoje em dia oferece. Para as pessoas estarem conhecendo muito mais rapidamente o trabalho de bandas muitas vezes distante, fora da realidade deles.
5) O rock celebrou dia 13 de julho seus 50 anos com o dia internacional, ainda com o mesmo vigor e rebeldia de uma adolescente. O que você tem a dizer a respeito.
R: Bom, eu acho que esse negócio de data, eu não sei se... Olha, eu trabalho na área, acho legal um lembre e tal...Pra unir e tal, levantar a bandeira ao redor do rock, mas acho que não muda nada.
6) Já a relação sexo, drogas e rock’n’roll. Você acha que predomina?R: Eu acho que não é uma premissa, que é obrigatório isto. Ela rola, eu não sei se ela predomina. Mas porque tem muito também da coisa que vira “lenda”, isto acaba confundindo com a realidade. Você não sabe se é fato, eu acho que esta trilogia sempre andou junto, esta historia de rock, atitude rock, da vida arrojada, dos limites com as drogas, e o sexo e a música como um ponto de união entre essas 3 coisas. Eu acho que cada um tem a sua historia, que tem performances endiabradas no palco, que voe, vai tomar conhecimento que é uma banda totalmente careta no sentido de não consumir nenhum tipo de droga pra se apresentar. Mais eu acho que ainda está “em voga” esta trilogia do rock. Acho que tem isso da balada, da noite virada, do sexo, das drogas, e de toda agitação que permeia este universo do rock.
7) Tido como atemporal e eterno, ele pode ser tido como revolucionário devido a utopia e diferentes estilos?R: Sim, o rock pode ser revolucionário, na verdade hoje o cenário atual na visão, claro, generalizada, está faltando um pouco disso. Revolução dentro do rock, que a gente viu na história através do movimento punk e bandas que se preocupavam em ter um engajamento, em procurar fazer sua própria revolução. Na contra cultura esse movimento do subterrâneo da música, o rock tem essa coisa de ter sido marginalizado, e ao mesmo tempo que foi marginalizado, isto é a grande essência do rock, isto que é a grande força do rock, de estar sempre quebrando barreiras, e levantando e derrubando bandeiras. Eu acho que é interessante isto, e está mais. Hoje em dia existe uma carência enorme de bandas sem engajamento.
8) Momento marcante na história do rock?
R: No Brasil, a vinda dos festivais, no final da década de 80, começo dos 90, teve uma guinada com relação aos shows internacionais, a partir de 87 começaram a surgir shows de bandas que não estavam vindo para o Brasil, que estavam em decadência e não atingiam um público no exterior e vinham para cá em busca de revigorar a carreira, dar uma sacudida na carreira. Muitas bandas que estavam no auge no começo dos anos 90 começaram a vir para cá, sendo um momento de transposição de barreiras, apesar de antes ter tido shows do Kiss e Queen. Não destacaria somente um momento, são vários e os caras viram que aqui também tinha um mercado diferente e superior, todo mundo que vem tocar aqui, se apresentar, que a gente tem oportunidade de conversar se surpreende.
9) Qual a relação da imprensa com o rock, sendo ele pouco explorado no Brasil?
R: Eu não acho o rock pouco explorado, eu acho o rock, eu vejo o rock vivendo um momento bom no Brasil. O surgimento de bandas novas em várias capitais brasileiras, com festivais de bandas novas, com bandas underground de norte ao sul do país. Vejo muita coisa acontecer na minha área, muita gente trabalhando, conseguindo chegar em um reconhecimento. A imprensa eu acho que passa um olhar muito pessoal e específico, daquele jornalista, mas eu procuro ler com um olhar cético, com um filtro, e nunca perder de vista que aquilo é uma verdade absoluta. Muitas vezes você vê muita merda... muita cagada sendo escrita, muitas vezes você vê uma crítica, uma opinião lúcida, esclarecedora. Mas acho que tudo isto faz parte pra quem está lendo ter um discernimento, um olhar aguçado do que ver aquilo na visão pessoal do jornalista que critica a audiência do CD, é isto.
10) Como você definiria o rock. Tem um estilo preferido? R: Bom é difícil definir o rock, o rock tem várias fases, formas de expressão dentro da estética musical, o rock é muito abrangente. Tem as bandas clássicas do rock e hoje em dia essa variedade de estilo dentro do rock’n’roll cresceu muito. Difícil definir, o rock é uma música que tem um apelo muito forte com a juventude, é uma música que vem carregada de atitude e independentemente de ser agressiva, uma atitude tímida, engajada, enfim, existem várias facetas do rock. Torna qualquer tipo de tentativa de definição fracassada, acho que rock atinge o público brasileiro e é inspirado nesse público jovem e que tem um resultado interessante na estética sonora. Eu não tenho nenhum estilo preferido, acho que existem dois tipos de música, a boa e a ruim (risos). Considerando que dessas resiguinações, acho que entra o gosto pessoal que varia de pessoa para pessoa. Eu não teria um estilo definido, eu prefiro ficar com essa, tem música boa e ruim e dentro dessas 2 tem o rock, jazz, tem música brasileira, reggae...
11) O que você tem a dizer para as bandas que estão começando e aos leitores de revista do gênero?
R: Bom, para a banda que está começando nos sempre falamos o seguinte. Acho que é uma coisa óbvia, que é o caminho certo, continuar seguindo seu estilo, não tem que ir mudando e readaptando seu estilo pra seguir uma determinada tendência da moda. Continue na tua, por que se você está objetivando o sucesso, saiba que ele é cíclico e ele vai te atingir em algum momento, não é você que vai correr atrás dele. Como ele é cíclico, ele vai estar sempre correndo atrás de você. Então fique na sua porque uma hora as coisas vão melhorar para a sua banda.
Edgar Wilson Picolli Junior